1.5.05

Crença e liberdade


Adoro Nietsche. Pra que ninguém me tome por um pretenso Dalai-lama, digo que ler o alemão maluco tem sobre mim o mesmo efeito de ouvir Metállica no volume mais alto. Especialmente ”Crepúsculo dos ídolos” Como se preparar para um combate, adrenalina aos borbotões...

Poucos seres humanos foram mais biliosos para com a fé que o feroz filósofo. Alguém capaz de escrever “O anticristo” em 1895, não é exatamente um carneirinho. Mas contra o que ele escreveu?

Acredito que a fé tem três momentos. Na primeira, um indivíduo, ou um grupo em harmonia desenvolve uma interpretação, uma metáfora, para a realidade. É um momento de crescimento, de liberdade para questionar o que existe e trazer o conhecimento intuitivo ao nível da cultura atingida por seus questionadores.

No próximo instante, tudo se complica. Dando por certa e absoluta a metáfora criada, os que seguem os questionadores originais perdem a capacidade de ampliar o conhecimento e o aprisionam em dogmas.

Por último, aqueles que se seguem vêem na aplicação do dogma a capacidade de controle. E se arvoram em detentores privilegiados do conhecimento que não compreendem, que não lhe pertence e que a despeito disso, é tornada sua principal ferramenta de pastoreio das massas.

Falei apenas em fé? Isso é válido para qualquer ideologia.

A compreensão da metáfora original, dos valores representados pelos cenários coloridos, traz ao indivíduo o mesmo grau de liberdade dos questionadores originais. E a consciência de que essa metáfora é incompleta e subjetiva traz não só a possibilidade, mas a necessidade de evoluí-la através do questionamento e observação.
A fé cega em estruturas ideológicas carcomidas e tornadas propriedade dos privilegiados leva à escravidão, à debilidade individual e à injustiça na coletividade.

1 Comments:

At 10:57 AM, Blogger Leivison Dias said...

Quando o chá é amargo é mais fácil quebrar a xicara, ainda que fosse mais útil sorver seu conteúdo

 

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