2.5.05

Ao fundo do lago


Toda discussão sobre Deus é inútil. A única postura intelectualmente honesta é a agnóstica, que considera o intelecto incompetente para compreender o absoluto.

Fora isso, existe o conhecimento subjetivo possível. Um conhecimento intuitivo, uma percepção direta, uma desconfiança insistente na existência de uma realidade maior. Alardear ceticismos quando há dúvida na alma é cinismo. Alardear fé sem a intuição verdadeira leva à hipocrisia e ao fanatismo, que é resultado da necessidade de se viver algo que não se compreende.

Estar consciente da subjetividade do conhecimento é essencial. A não ser que o ego se julgue maior que o absoluto e capaz, portanto, de compreendê-lo. Haja arrogância...

Se estivermos conscientes da subjetividade de nosso conhecimento, somos forçados a admitir que ele é e sempre será incompleto. E então sempre se exigirá a tolerância para com o conhecimento do Outro. Talvez seu conhecimento alcance uma parte do absoluto que desconheço...

Deixemos bem claro também que mesmo a crença real, fundamentada na percepção subjetiva, não faz ninguém melhor do que aqueles que o cercam. A inspiração ética e metafísica da espiritualidade pode ser um caminho a mais para o desenvolvimento humano, mas mesmo o mais cético dos homens pode ser um humanista. Ele não é menos por crer-se só. Ele não é mais por crer-se auto-suficiente.

Poucas coisas são mais chatas do que aquele que faz proselitismo, tentando convencer que a sua fé é a melhor, absoluta. Na verdade o que escutamos nessas horas é a vaidade humana que deseja fazer de uma parte de si um retrato do eterno. Talvez a única coisa tão chata seja aquele que empunha seu ceticismo com orgulho frente aos pequenos ignorantes, querendo fazer de uma parte de si todo o eterno. No fundo é a mesma coisa. Aliás, ao fundo do lago com ambas as vaidades.

1 Comments:

At 11:02 AM, Blogger Leivison Dias said...

Em todas as situações o melhor caminho é o equilibrio

 

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